domingo, 19 de junho de 2016

Chá de Domingo #84: O Que é o Cyberpunk? - Parte 2/3

Podem ler a primeira parte deste artigo aqui.

Uma versão em desenvolvimento de um cyberpunk do jogo Cyberpunk 2077

Na primeira parte do artigo falamos sobre a génese. Na segunda iremos abordar a definição e a essência do movimento cyberpunk.

Em Busca de uma Definição
Podemos obter uma definição básica dissecando a palavra: cyber refere-se à tecnologia, muitas vezes associada ao cyberespaço (termo criado por William Gibson) e aos implantes cybernéticos. Contudo, isto também se pode referir a outras tecnologias: por exemplo biotecnologia e nanotecnologia. Por outro lado, punk refere-se às pessoas e à atitude cyberpunk. Os protagonistas tendem a ser anti-heróis, rejeitados, exilados, criminosos, visionários, dissidentes e desajustados. Um aspecto subjacente que se aplica a todos estes grupos é a sua natureza subversiva.
Subverter é derrubar ou sabotar algo. O próprio género subverteu a ficção científica sem sequer olhar para trás. Para se ser punk é necessário questionar a autoridade e subverter toda e qualquer autoridade com a qual não se concorde. Pessoas diferentes fazem-no de maneiras diferentes, tal como os protagonistas das histórias cyberpunk. Um exemplo é Motoro Kusanagi do Ghost in the Shell. Aparenta ser uma agente do governo japonês. No entanto, ser um instrumento não é o que a define, nem como ela se define a si mesma. Na história, ela não tem medo de se esquivar à lei e resolver as coisas com as suas próprias mãos se isso estiver de acordo com o que considera estar certo: tramar os politicos. Ela é um elemento subversivo dentro do próprio governo.

A Essência do Cyberpunk
Existem algumas citações que ajudam a ilustrar a essência do cyberpunk.

A cidade de Hengsha, fisicamente dividida, de Deus Ex: Human Revolution

"O futuro já chegou - só não está distribuído de foram equalitária."
- William Gibson

Esta citação traz o foco do cyberpunk para a dicotomia high tech, low life. Existe a alta tecnologia, contudo, essa tecnologia não conseguiu desfazer as divisões sociais deixando uma disparidade entre classes, a qual provoca uma luta social. Para além disso, apesar da tecnologia existir, as classes mais baixas não possuem recursos para poderem beneficiar dela, provocando um alargar do fosso com a elite a ficar mais rica e a ter acesso a mais tecnologia.

"Tudo o que puder ser feito a um rato, pode ser feito a uma pessoa."
-Bruce Sterling 

Este é um conceito importante. Fazemos coisas horríveis a ratos em nome do progresso e somos quase totalmente insensíveis quanto a isso. Muitas tramas de cyberpunk giram à volta do efeito de alguma droga ou alguma adulteração do cérebro, que ja foi feita a ratos. É só uma questão de tempo até começarmos a interferir connosco da mesma maneira. Os ratos são só o exemplo.

"A rua encontra o seu próprio uso para as coisas."
- William Gibson

Isto explicita o aspecto baixo/punk e coloca-o no contexto dos movimentos de fonte aberta (open source) e faça você mesmo (DIY). A taxa de desenvolvimento é tão elevada que criamos uma data de coisas que se tornam quase de imediato obsoletas. Essas coisas perdem o seu valor e acabam por ser abandonadas, no entanto, este desperdício pode ser reutilizado de maneiras que os seus criadores nunca imaginaram. Por exemplo, usar um leitor de DVD para testar o VIH.

Podem ler a terceira parte do artigo nesta ligação.

Artigo traduzido a partir daqui.

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